“O escravo do Minho”
Tenho medo de deixar o Tiago entregue à sua sorte.
Atente-se nesta história que vou contar:
O Rui foi alvo de agressões e de escravidão durante quase 25 anos.
O Rui viveu os primeiros anos da sua vida entregue aos cuidados do seu avô.
A mãe do Rui, deficiente mental, terá tido aquele filho por razões que não estão na história contada.
O que se sabe e está contado é que o seu filho Rui nasceu para ser infeliz.
Enquanto criança, o Rui ficou ao cuidado do seu avô, mas o avô partiu tinha o Rui 5 anos. A mãe foi internada aos cuidados de uma instituição, incapacitada para assumir os deveres com um filho criança.
E aquele menino, também ele deficiente mental, foi deixado a uns familiares um tanto afastados, primos em segundo grau.
Rui, criança, passou cedo a trabalhar. Começou por cuidar do gado dos seus familiares de segundo grau. Cresceu e entrou em trabalhos mais pesados. Comia do que sobrava da mesa dos seus familiares de segundo grau. Fazia “trabalhos pesados, sem direito a qualquer recompensa, sujeito a condições de vida sub-humanas e sob maus tratos e agressões muitas vezes violentas”.
A sua vida passou a ser conhecida por o “escravo do Minho”, quando passou às páginas dos jornais.
O caso do “escravo do Minho” foi revelado pelo Correio da Manhã em Novembro de 2004, altura em que foi libertado pela GNR e entregue à Segurança Social de Braga.
Os exames médicos que se seguiram revelaram 28 cicatrizes de maus tratos e um estado “extremamente débil, em termos físicos e psíquicos”.
Criança à morte do avô, Rui passou a viver em casa da família Silva, primos em segundo grau. A mãe internada numa instituição e o Rui a pastorear o gado da família Silva.
Ao longo dos 25 anos de cativeiro, dormia numa arrecadação de um armazém, onde também comia. Era diversas vezes agredido pelos seus familiares de segundo grau por não fazer na perfeição as tarefas exigidas, ou também por pedir comida aos vizinhos, ou por outros motivos sem causas reveladas. As agressões eram bofetadas, murros, pontapés e golpes com objectos, como cabos eléctricos e mangueiras.
E os seus familiares depositavam na conta deles as reformas do Rui. Entre 1994 e 2004 apoderaram-se de 18439 euros daquele jovem tido em cativeiro, reduzido à situação de escravo.
Também fazia parte dos castigos físicos a que era obrigado o permanecer ajoelhado com as mãos debaixo dos joelhos e o rezar em voz alta.
Esta triste história pode ser lida no Correio da Manhã, do dia 10 de Dezembro de 2009, quando o caso recebe decisão do tribunal.
E esta triste história começa assim: Casal de agricultores e dois filhos condenados em tribunal por terem escravizado e maltratado fisicamente um jovem portado de deficiência moderada ao longo de 25 anos, tendo privado Rui Manuel Machado da “consciência da sua própria liberdade e de toda a dignidade humana”.
São 25 anos em cativeiro e com maus tratos!
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
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